sábado, 30 de maio de 2009

Orishas- conjunto de "rap" cubano da lista da Bel

Os 10 mais da Bel



LIVROS
A marca de uma lágrima,
Pedro Bandeira
Como água para chocolate,
Laura Esquivel
A sombra do vento,
Carlos Ruiz Zafón
Por parte de pai,
Bartolomeu Campos Queiroz
Ensaio sobre a cegueira,
José Saramago
A audácia dessa mulher,
Ana Maria Machado
Jim Knopf (dois livros),
Michael Ende
Harry Potter (coleção),
J.K. Rowling
Através do Espelho,
Jostein Gaarder
Ela e outras mulheres,
Rubem Fonseca

FILMES Moulin Rouge,
de
Wallּ e,
de Andrew Stanton
O Labirinto do Fauno,
de Guillermo Del Toro
A Vila,
de M. Night Shyamalan
Bubble,
de Eytan Fox
Pro dia nascer feliz,
de João Jardim
Capote,
de Bennett Miller
À Espera de um Milagre,
de Frank Darabont
O Iluminado,
de Stanley Kubrick

ESCRITORES

- Pedro Bandeira
- Luis Fernando Veríssimo
- Rubem Fonseca
- Dennis Lehane
- Fernando Pessoa
- Vinicius de Morais
- Edgar Alan Poe
- Luiz Alfredo García-Roza

MUSICISTAS-INTÉPRETES/BANDAS

- Bia Bedran (infantil brasileiro)
- Orishas (RAP CUBANO)
- The Beatles (rock britânico)
- Caetano Veloso (MPB)
- Chico Buarque (MPB)
- Cazuza (rock brasileiro)
AO REDOR DO MUNDO
- Torre Eifel (Paris, França)
- Muro das Lamentações (Jerusalém, Israel)

CITAÇÕES
- “O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério! O único mistério é haver quem penso no mistério”, Fernando Pessoa
- “Porque o único sentido oculto das coisas é elas não terem sentido oculto nenhum”, F. Pessoa
- “Leitura era coisa séria e escrever mais ainda. Escrever era não apagar nunca mais” – Bartolomeu Campos Queiroz, Por parte de pai
- “As palavras têm muitos gostos e era impossível saber seus sabores verdadeiros” – Bartolomeu C. Queiroz, Por parte de pai
- “Hoje o verbo pássaro me ensinou a voar” – Lucas Dain
- “Gente que não curte ler. Esquisito mesmo. Sei lá, nesses casos, sempre acho que é como se a pessoa estivesse dizendo que não curte namorar” – Ana Maria Machado, prefácio de Comédias para se ler na escola, Luis Fernando Veríssimo

terça-feira, 26 de maio de 2009

Hoje tem

Hoje 26/05/2009 tem Anne-Sophie Mutter em Düsseldorf. Para nós pobres mortais tem aqui no Imponderável!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Eu adoro esta!!!


Milho Cozido
Carlos Drummond de Andrade

A primeira vez que eu vi alguém na rua comer milho cozido, confesso que me espantei.A segunda, não estranhei tanto. A terceira, tive tentação de pedir-lhe:
– Desculpe, moça. Posso provar um tiquinho?
Porque era moça, por sinal bem-apanhada. Não pedi, infelizmente. Ou felizmente, porque
ela não só me recusaria o pedido como poderia mesmo estranhá-lo, achando-me atrevidão.
Refleti logo como havia entre nós a distância infinita de algumas gerações, pois ela fazia o
que eu gostaria de fazer e não tinha coragem, nem mesmo nunca pensara nisso: saborear na
rua uma tentadora espiga de milho verde.
E daí, quem sabe se toparia? Garota moderna, desinibida, comendo quando lhe apetecia,
natural que compreendesse o desejo de alguém, despertado da visão do milho bom de
comer. Se não topasse, a distância entre nós não seria tão grande assim: apenas moça
preconceituosa, incapaz de compreender que minha intenção era simplesmente provar do
milho, e não arranjar pretexto para aproximação, com fins obscuros e suspeitos.
Embaraçado, limitei-me a olhá-la com o rabo do olho, pois íamos no mesmo frescão, ela ao
meu lado, e era impossível não tomar conhecimento daquele pausado e delicado comer um
milho que vinha de antiqüíssimas fazendas da minha lembrança... um milho tão recuado,
tão perdido em brumas do século, sem mais nem menos viajando comigo naquele ônibus,
trincado pelos dentes da moça, que o comia com muita desenvoltura e ao mesmo tempo
com muita classe.
Ela, é claro, nem se dignava a tomar conhecimento de mim, com essa faculdade admirável
que têm as mulheres de estarem ausentes na mais indubitável presença. E dava uma
mordidinha e parava e recomeçava, atenta ao ritmo e às boas maneiras. Nada mais natural,
mais civilizado, sem provocação aos últimos defensores de que comer num coletivo é falta
grosseira de “berço”.
A espiga consumia-se. Eu sempre com vontade de provar, e mudo e quedo na minha
inibição. Não tinha olhos de cão pedinte, não ousaria tanto, mas comecei a duvidar da
inteligência e do coração da moça. Então ela não via que ao seu lado estava um senhor
carente e desejante de comer daquele milho, e que lhe custaria renunciar a uns poucos
grãos, para satisfazer tão humilde carência? Eu era um desconhecido, sim, mas o
desconhecido deixa de sê-lo a um rápido olhar de benevolência e duas ou três palavras
reveladoras.
Só em Botafogo me ocorreu que podia repugnar-lhe a idéia de a espiga passar por duas
bocas. Em Copacabana, perto de dois terços de espiga tinham-se desnudado; no Leblon
terminaria a refeição, pelo esgotamento da peça. Não pude deixar de admirar a competência
da moça, que nem se atrasava nem se afobava. Parecia até que cronometrara o ato de comer
pela duração da viagem de ônibus. Se morasse em São Conrado, destruiria duas espigas? O
fato é que degustava calma e delicadamente o glúten, o amido, as proteínas, ou, para falar
verdade,o sabor da mistura, sem identificação de elementos. O milho deixava-se papar,
talvez agradecendo a delicadeza com que era papado. Escapara do carrinho do vendedor
ambulante para cair nos dentes de uma bela moça egoísta que nem sequer se lembrava de
que pertinho dela um senhor de origens rurais passara a ter subitamente imperiosa
necessidade de comer milho verde, milho assado, milho cozido, qualquer variedade ou
modalidade de milho, e elas são milhares.
Ah, por que não fiz o que era tão fácil de fazer, passar na carrocinha e comprar a minha
espiga, mostrar à moça que também eu apreciava essa comidinha despretensiosa e amável?
Mas como, se eu não tinha, minutos antes, a menor tentação de comer milho, e só a sentira
ao ver a moça? Seria autêntica essa tentação, ou eu me comportava como reles imitador de
gestos alheios, sem correspondência com a massa dos meus gestos habituais, normalmente
programados? Na dúvida, arrisquei-me a olhá-la sem cerimônia, direto, quase provocador.
Não deu sinal de perceber minha indiscrição. Comendo estava, comendo continuou, na
mesma toada. E o milho acabando. E eu sentindo que a essa altura já não adiantava pedir
nada à moça. Na melhor hipótese me estenderia o sabugo despojado, com um ou dois grãos
de sobejo, irônicos. E já ia passando a minha vontade de comer aquele milho daquela
espiga, Deus (ou o Diabo) sabe lá por quê. Em vão procurara me iludir pensando num
milho anônimo, genérico, universal. Se a moça retirasse da bolsa outra espiga e a
oferecesse à minha gula, não me apeteceria. Aquela é que despertara em mim o desejo
manducativo, ligado a fortes e escondidas subjacências temporais. A moça desceu antes
de mim, depois de embrulhar cuidadosamente o sabugo em papel fino e guardá-lo na bolsa.
Continuei, já agora de estômago saciado. Eu comera toda a espiga de milho.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

NO TE RINDAS
No te rindas, aún estás a tiempo
De alcanzar y comenzar de nuevo,
Aceptar tus sombras,
Enterrar tus miedos,
Liberar el lastre,
Retomar el vuelo.
No te rindas que la vida es eso,
Continuar el viaje,
Perseguir tus sueños,
Destrabar el tiempo,
Correr los escombros,
Y destapar el cielo.
No te rindas, por favor no cedas,
Aunque el frío queme,
Aunque el miedo muerda,
Aunque el sol se esconda,
Y se calle el viento,
Aún hay fuego en tu alma
Aún hay vida en tus sueños.
Porque la vida es tuya y tuyo también el deseo
Porque lo has querido y porque te quiero
Porque existe el vino y el amor, es cierto.
Porque no hay heridas que no cure el tiempo.
Abrir las puertas,
Quitar los cerrojos,
Abandonar las murallas que te protegieron,
Vivir la vida y aceptar el reto,
Recuperar la risa,
Ensayar un canto,
Bajar la guardia y extender las manos
Desplegar las alas
E intentar de nuevo,
Celebrar la vida y retomar los cielos.
No te rindas, por favor no cedas,
Aunque el frío queme,
Aunque el miedo muerda,
Aunque el sol se ponga y se calle el viento,
Aún hay fuego en tu alma,Aún hay vida en tus sueños
Porque cada día es un comienzo nuevo,
Porque esta es la hora y el mejor momento.
Porque no estás solo, porque yo te quiero.

Mario Benedetti (1920-2009)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Lista da Márcia


Viagens:
· Paris (de surpresa)
· Grand Cannyon
· Cunha (SP) para ver os trabalhos dos ceramistas que residem lá
· Salvador na Casa da minha avó
· Cidades históricas de minas, qdo fui com meus pais e depois qdo voltei com minhas filhas.
Obras de Arte:
· As meninas (Velásquez)
· “Le radeau de la meduse” (Gericault)
· Modigliani
· Soutine
· Exposição de cerâmica do Picasso, na Casa França Brasil
· Exposição dos Retratos de Paris
Filmes:
· Retratos da Vida
· As Pontes de Madison
· Como água para chocolate
· Vida de inseto
· Documentário Sobre o Nelson Freire (João Moreira Sallles)
· Betty Blue 37,5
· Dersu Uzala
Livros:
· As Meninas Exemplares (Condessa de Ségur)
· Minha Vida de Menina (Helena Morley)
· O Apanhador no Campo de Centeio (J.D.Salinger)
· Cartas a Theo
· Larrousse Gastronomique
· A menina sem estrela (Nelson Rodrigues)
· O Óbvio Ululante (Nelson Rodrigues)
· O Mundo Que eu vi (Stefan Zweig)
· Guerra e Paz (Tolstói)
· Meu Pé de Laranja Lima (José Mauro de Vasconcelos)
· O tempo e o Vento (Érico Veríssimo)

Músicas:
· Bohemian Rapsody (Queen)
· Fire and Rain (James Taylor)
· Bachianas Brasileiras (Villa-Lobos)
· Scherazade (Rimsky Korsakov)
· Eu te Amo (Chico Buarque)
· Visto assim do alto ...
· Meu caminho é cada manhã (Kiko Zambianchi)
· It´s Rainning Men, Alelulia...
· Devolva-me (Com a Adriana Cantando)
· Debaixo dos caracóis dos Seus Cabelos (R.C)
· Águas de Março
· O Bêbado e o equilibrista
· Para não dizer que não falei de flores (G. Vandré)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Lista da Tygel



Exposições que me emocionaram:
Arqueológica da China – vi o homem da China, com seus artefatos (de mais de 30.000 anos atrás) , ou melhor, pedaço do crânio dele, em San Francisco;
Mona Lisa, no Louvre;
Van Gogh – no Museu d'Orsay;
Goya e Velasquez– no Prado;
Viagens inesquecíveis:
Serra João do Vale, no sertão do RN, onde conheci uma comunidade que seguira um líder messiânico e ficara lá isolada do mundo até aquela data;
Grutas de Altamira, no norte da Espanha, no caminho para Santiago de Compostela;
Os jardins suspensos e a igreja da Sagrada Família, de Gaudí, em Barcelona;
A casa de Anne Frank, em Amsterdã;
Crato, no Ceará, onde surpreendi um encontro de repentistas;
Filmes que me impressionaram:
Macunaíma;
Deus e o diabo na terra do sol;
Doze homens e uma sentença (Twelve angry men);
Casablanca;
O declínio do império americano;
Invasões bárbaras;
Les parapluies de Cherbourg;
2001, uma odisséia no espaço;
Vertigem , do Hitchcock;
Central do Brasil;
Muito além do jardim;
Pulp fiction;
Traídos pelo desejo;
A hora da estrela;
Livros que tiveram papel importante para mim:
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto;
Dom Casmurro, de Machado de Assis;
Grande sertão, veredas, de Guimarães Rosa;
Obra poética, de Fernando Pessoa;
Madame Bovary, de Flaubert;
L'Etranger, de Camus;
O Capital, de Marx;
Obra poética, de Carlos Drummond de Andrade;
Galvez, o imperador do Acre, de Marcio de Souza;
Quarup, de Antonio Callado;

Crônica do Fernando Sabino

O gato sou eu
(fernando Sabino)
- Aí então, eu sonhei que tinha acordado. Mas continuei dormindo.
- Continuou dormindo.
- Continuei dormindo e sonhando. Sonhei que estava acordado na cama, e ao lado, sentado na cadeira, tinha um gato me olhando.
- Que espécie de gato?
- Não sei. Um gato. Não entendo de gatos. Acho que era um gato preto. Só sei que me olhava com aqueles olhos parados de gato.
- A que você associa essa imagem?
- Não era uma imagem: era um gato.
- Estou dizendo a imagem do seu sonho: essa criação onírica simboliza uma profunda vivência interior. É uma projeção do seu subconsciente. A que você associa ela?
- Associo a um gato.
- Eu sei: aparentemente se trata de um gato. Mas na realidade o gato, no caso, é a representação de alguém. Alguém que lhe inspira um temor reverencial. Alguém que a seu ver está buscando desvendar o seu mais íntimo segredo. Quem pode ser essa alguém, me diga? Você deitado aí nesse divã como na cama em seu sonho, eu aqui nesta poltrona, o gato na cadeira… Evidentemente esse gato sou eu.
- Essa não, doutor. A ser alguém, neste caso o gato sou eu.
- Você está enganado. E o mais curioso é que, ao mesmo tempo, está certo, certíssimo, no sentido em que tudo o que se sonha não passa de uma projeção do eu.
- Uma projeção do senhor?
- Não: uma projeção do eu. O eu, no caso, é você.
- Eu sou o senhor? Qual é, doutor? Está querendo me confundir a cabeça ainda mais? Eu sou eu, o senhor é o senhor, e estamos conversados.
- Eu sei: eu sou eu, você é você. Nem eu iria pôr em dúvida uma coisa dessas, mais do que evidente. Não é isso que eu estou dizendo. Quando falo no eu, não estou falando em mim, por favor, entenda.
- Em quem o senhor está falando?
- Estou falando na individualidade do ser, que se projeta em símbolos oníricos. Dos quais o gato do seu sonho é um perfeito exemplo. E o papel que você atribui ao gato, de fiscalizá-lo o tempo todo, sem tirar os olhos de você, é o mesmo que atribui a mim. Por isso é que eu digo que o gato sou eu.
- Absolutamente. O senhor vai me desculpar, doutor, mas o gato sou eu, e disto não abro mão.
- Vamos analisar essa sua resistência em admitir que eu seja o gato.
- Então vamos começar pela sua insistência em querer ser o gato. Afinal de contas, de quem é o sonho: meu ou seu?
- Seu. Quanto a isto, não há a menor dúvida.
- Pois então? Sendo assim, não há também a menor dúvida de que o gato sou eu, não é mesmo?
- Aí é que você se engana. O gato é você, na sua opinião. E sua opinião é suspeita, porque formulada pelo consciente. Ao passo que, no subconsciente, o gato é uma representação do que significo para você. Portanto, insisto em dizer: o gato sou eu.
- E eu insisto em dizer: não é.
- Sou.
- Não é. O senhor por favor saia do meu gato, que senão eu não volto mais aqui.
- Observe como inconscientemente você está rejeitando minha interferência na sua vida através de uma chantagem…
- Que é que há, doutor? Está me chamando de chantagista?
- É um modo de dizer. Não vai nisso nenhuma ofensa. Quero me referir à sua recusa de que eu participe de sua vida, mesmo num sonho, na forma de um gato.
- Pois se o gato sou eu! Daqui a pouco o senhor vai querer cobrar consulta até dentro do meu sonho.
- Olhe aí, não estou dizendo? Olhe a sua reação: isso é a sua maneira de me agredir. Não posso cobrar consulta dentro do seu sonho enquanto eu assumir nele a forma de um gato.
- Já disse que o gato sou eu!
- Sou eu!
- Ponha-se para fora do meu gato!
- Ponha-se para fora daqui!
- Sou eu!
- Eu!
- Eu! Eu!
- Eu! Eu! Eu!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Muito Prazer

Na aula de ontem, nossa amiga Angela Nabuco, fez a gentileza de trazer um livro de um escultor indiano que ela gosta muito. Quem não teve a oportunidade de ver o livro, aqui vai uma sugestão é só clicar Anish Kapoor

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O aniversariante


O pintor Salvador Dali faria 105 anos hoje, 11 de maio.

O professor o citou em sala de aula, no nosso" índice remissivo". Falou também sobre um quadro de uma mulher na janela, que eu acho que era o que está reproduzido acima. Quando ele falou sobre o quadro pensei que era um desenho em sépia de Gala na Janela, mas acho que me enganei.
Deixo o endereço de um video no youtube. O aniversariante aparece num programa tipo "Silvio Santos". http://www.youtube.com/watch?v=iXT2E9Ccc8A
OBS: Não consegui colocar o video aqui nesta postagem, mas para assistir, é só colocar o endereço acima que o link vai direto ao vídeo no Youtube. Márcia

sexta-feira, 8 de maio de 2009


O "imponderável" e as Torres Gêmeas

Em boca fechada não entra mosca. Acho que este tem sido o provérbio que mais ouço nesta vida e nem por isso "dou ouvidos" .
Não é raro me arrepender de falar demais! Não acredito em horóscopo, o que não me impede de dar uma espiadela, quase que diariamente, no que os astros reservam para mim. E, quase sempre os astros aconselham-me a ser mais reservada, a ouvir mais e falar menos.
Minha família acostumada aos meus palpites, não faz nada sem perguntar primeiro o que eu acho, e se por acaso ninguém perguntar, não tem problema eu dou minha opinião e como se diz: “meto o bedelho onde não sou chamada”.
Foi em junho de 2001.
O marido perguntou o que eu achava de viajarmos para os Estados Unidos com as duas crianças.
Iríamos primeiro à Disney e depois seguiríamos para Nova Yorque onde mora minha irmã.
Eu poderia ter dito apenas sim, ou qualquer coisa como oooobba! Vamos sim.
Mas não, não posso me furtar a falar além da conta. Disse ao marido que se, naquele momento tínhamos o dinheiro, o tempo e a saúde aquele era o momento certo, já que não sabemos o dia de amanhã.
Assim fizemos. Passeamos bastante com as crianças pela Disney.
Se eu, falo demais, o marido se diverte um pouco demais para o meu gosto. Depois da cansativa Disney voamos para Nova Yorque.
Eu não conhecia a "Big Apple" e o marido resolveu fazer as honras da casa, mostrando tudo o que podia, no menor espaço de tempo.
Organizado, geralmente ele leva um roteiro que mais parece uma tese de mestrado. Não fica satisfeito enquanto não "tica" todos os pontos turísticos assinalados.
Saíamos de casa muito cedo e chegávamos bem tarde, com as crianças exaustas. Eu ainda tinha que dar banho e comida para as duas meninas, enquanto ele fazia as contas e o roteiro do dia seguinte.
Perdão, sei que este texto está ficando cansativo, como a viagem, eu avisei que falo demais. Se o leitor quiser dar uma paradinha, tomar um cafezinho e se ainda assim quiser voltar, eu espero.
Fazia um dia lindo de primavera em NovaYorque, no céu azul só havia aqueles risquinhos brancos dos rastros deixados pelos aviões.
Um excelente dia para um passeio de ferry, para mostrarmos as crianças a Estátua da Liberdade. Depois ainda, andamos pela Broadway, pegamos metrô, ônibus, subimos o Empire Estate e finalmente, fomos descansar ao pé do World Trade Center.
Havia um violinista tocando uma linda música e eu achei que era uma ótima maneira de terminarmos aquele dia tão movimentado.
O marido ainda não estava satisfeito e quis saber o que eu achava dele subir as torres gêmeas para ver o entardecer...
Ele já tinha ido a NovaYorque, alguma vezes e nunca subiu às torres, o dia estava lindo e além do mais tinha comprado um daqueles passes de turista que dava direito a visita. Eu não quis demonstrar que estava exausta, doida para pegar o trem de volta, e ao invés de, falar um não redondo, ponderei:
- Querido, até que seria uma boa, mas vejo que as crianças estão exaustas. Além do mais, esta não é a ultima vez que você vem a Nova Yorque, deixe para a próxima. Estas torres estão aí há duzentos mil anos (exagerei) quando você vier, de uma próxima vez, você sobe.

A festa na casa do compadre

Pessoal, coisa ótima, esse blog! Aí vai a minha primeira contruibuição, acreditem ou não, fato verídico no interior mineiro:

A manhã já ia alta, na estrada de terra.
Marinho arreou o cavalo e botou roupa arrumada.
Saiu de galope, chicotada no lombo do bicho, que zuniu estrada afora, rumo à cidade.
Passou por um carro apressado, que levantava pó.
Depois que a poeira baixou, pôde enxergar claro, o céu azul dos tempos de seca, o capim amarelado de sol, tudo esturricado, e o silêncio ocupando tudo.
De vez em quando ouvia o pio da siriema, como um lamento, melodiando longe, no pasto.
O cavalo agora pisava macio, passo compassado, marchador: - Vale um troco, esse danado!
Marinho ia abrindo e fechando as porteiras, isso era de lei.
Quando passava por outro cavaleiro, levantava o chapéu, e o cumprimento vinha respeitoso: - Sim sinhô! E a resposta: - Sim sinhô, sim!
De um casebre na beira da estrada saíram dois cachorros, latindo e correndo atrás do cavalo, mostrando serviço ao dono: - Cachorrada sarnenta, que mania besta, sô!
Meio caminho andado, Marinho apertou os olhos para enxergar longe: parecia um punhado de gente no terreiro em frente à casa do compadre.
O cavalo foi chegando perto e confirmando a pequena multidão. Era tanta gente que não cabia na casa, e quem sobrava se espalhava pelo terreiro, debaixo do sol, que nenhuma nuvem atenuava. Crianças corriam entre os carros estacionados no pátio.
- Um festão! Pensou. - E eu de fora!
Homem enorme que era, Marinho foi chegando e se fazendo anunciar pelo vozeirão. De forma a ser ouvido de dentro da casa, berrou de cima do cavalo, antes mesmo de apear:
- Êta farra boa, o povo está com os olhos inchados de tanto beber! Está com raiva de mim, compadre? Não vem me receber?
Foi então informado por uma voz que veio, baixinha, do meio do povo: - É enterro, seu moço, o compadre morreu, e os olhos estão inchados, mas é de tanto chorar!
Pego de surpresa, a resposta saiu num susto, automática, de rompante: - Pois então, meus parabéns!
Inclinou o braço para o lado, levando a rédea, e atrás dela o cavalo.
Sumiu depressa na curva fechada, onde ninguém mais o poderia ver.
A não ser o sol, que já estava quase a pino na estrada de terra.

Angela Nabuco
. Bom dia. Estou postando para avisá-los que fiz uma tremenda confusão. Tenho dois bloggers. O pessoal, "http://deixaqueimar.blogspot.com/" e o com meus textos "http://ocarbonizado.blogspot.com/", só que só consigo me logar a este blogger com um outro blogger que errei o e-mail e deletei. Enfim, já que estou postando, vou crial coragem e pôr um texto meu aqui.

Nuances da morte

Paulie: ânsia, que ânsia sufocante que se apodera de mim! Sentir-te, até perder-me em mim; cheirar-te, até que nenhuma outra fragrância se oponha à sua; comer-te, até confundir nossas entranhas; beijar-te, até que roubes o rubor da minha face ensandecida...
Marie: e, depois que o mundo já não for mundo e minha alma já não for minha, estarei perdida entre brancas nuvens serenas ou o queimar lancinante que nos faz renascer – punição eterna – ou, quem sabe, espectador da própria tragédia. Que dirá então, meio termo? Celas cinza, lisas, enfadonhas, apáticas; onde fica-se surdo dos pensamentos e cego dos sentidos...Quem há de suportar...?
Sophie: ergo-me; caio; ergo-me novamente – presa estou – enclausurada, acorrentada; ferida. Andei pelos três estágios da Morte, passei por cobras com olhos de rubi e águias de ouro. Fiz o que foi-me ordenado e continuo sem a resposta – valerá a pena?
Paulie: o que me prende aqui? Que vínculos ainda há? E, por quem meu coração ainda clama? Desejo, anseio, grito até perder a voz; nada de decidir-me. O erro, cruel possibilidade, amarra-me, mais e mais. Ai de mim!
Marie: como pode dor tão cruel apoderar-se de mim? Deitar-me-ei.
Sophie: viajei e vi diversos caminhos, interligados e infinitos... Conheci a dor, conversei com a solidão, beijei a angústia; pelo outro lado, abracei o alívio e despedi-me da culpa. Voei por altas montanhas e, vendo a vida por cima, blasfemei Deus. Mergulhei em um rio transparente que, sem nada pedir em troca, curou-me os flagelos; a bondade não se extinguiu por completo. No balanço final, quando o vento perguntou-me se nada havia a perder, emudeci; perdi a voz.
Marie: levante-se, levante-se, ainda há esperanças!
Paulie: deixe-me, vá embora! Perdi-me nas minhas nuances, apaguei-me no meu próprio sangue e, no bombear do meu coração, insensível sou a qualquer minúscula gota de vida. Apunhalar-me-ia, caso houvesse certezas...
Sophie: perdi, por fim, a imaginação e o vazio e a apatia apoderam-se de mim. Nada mais vejo nos meus delírios e, com o último gole, entregar-me-ei ao mistério!
Marie: sim, apenas um gole! Veneno este tão doce que, finalmente, trará a paz.
Paulie: Liberto-me! Voarei pelo infinito; livre! Destruindo a mim, destruirei também os incontáveis demônios que me fazem definhar e, por mim, estarei só!

. Uffa, postei, rs.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Aqui vamos nós!

Este é o marco zero de um blog que, espero, deverá ter vida longa. Registrará os (des)pensamentos e (des)reflexões das dez pessoas que participam da Oficina da Crônica, ocorrida na Estação das Letras, Rio de Janeiro, entre 1 de abril e 24 de janeiro.
Caros oficineiros, usem e abusem desse espaço, publiquem suas (des)crônicas e quaisquer outras ocorrências, imponderáveis ou, não que lhes ocorrerem.
Sem o imponderável, o ato de escrever nunca acompanhará o movimento dos barcos (referência à clássica canção de Caetano Veloso; os que não conhecem podem recorrer ao tio Google).
Bem-vindos a bordo e, acreditem, tê-los como companheiros de bordo nessa nau sem rumo é um privilégio para mim.
Abraço grande,
Rogerio Menezes/Antonio Martiniano