sexta-feira, 3 de julho de 2009

Loteria da Vida

Foi notícia esta semana a queda de um avião bimotor em Trancoso, Bahia, no qual viajavam três gerações da família do empresário Roger Wright. Sendo o ocorrido já o suficientemente doloroso, essa tragédia chocou-me ainda mais ao saber que a fatalidade voltou a atingir essa família, uma vez que sua primeira esposa já havia perdido a vida em outro acidente aéreo, o trágico vôo 402 da TAM, em 1996.

Em momentos como esse, fantasio explicações para aplacar a tristeza que me abate e permitir ver algum sentido neste jogo da vida. Imagino haver nas mais longínquas alturas, bem próximo ao habitat dos serafins, uma Caixa Econômica Celeste, a CEC, onde se organizariam diferentes modalidades de sorteios diários. Um, em particular, se adapta à minha divagação : o da Mega Sina, responsavel por premiar os agraciados com a sina escolhida. Assim, nós humanos, ao nascermos, seríamos registrados num livro, digamos o livro da morte, e ganharíamos um número de inscrição. Àqueles desejosos em antecipar a volta ao reino dos céus, colocariam seus números de registro em uma grande urna localizada na matriz da CEC, indicando, ao mesmo tempo, numa ficha própria, a forma e o dia desejados para o retorno. Caberia à administração da CEC reunir em um grande banco de dados estas incrições, promover os sorteios e classificar os inscritos em grupos distintos. Consigo, assim, explicar, a razão para tantas mortes simultâneas recentes, tais como o do tufão Karina, o terremoto da Itália e tantas outras tragédias. Todos os que pereceram, o foram estritamente de acordo com suas escolhas, premiados pela Mega Sina. Sorteio, como o que originou o desaparecimento de 200.000 pessoas, no caso do tzunami na Indonésia, certamente ocorreu em semana com prêmio acumulado.

A partir destas divagações e em prol da minha estabilidade emocional passarei, a partir de agora, a encarar a vida não mais cheia de fatalidades. Aceitarei que hajam filas imensas à porta da fictícia CEC, exercendo cada individuo o seu direito de escolha. Procurarei eliminar o sentimento egoista que causava em mim muita tristeza, ao me permitir aceitar a escolha de cada um. Não mais sofrerei por doenças, sejam terminais ou não. Hospitais, nesta minha nova fase, serão meros spas. Guerras, brincadeiras de mocinho e bandido.

Sinto-me mais leve, após esta engendrada viagem pelo imponderável. Um dia, certamente, encontrarei os Wright no reino dos céus, a quem devo este maravilhoso “insight”. Espero, no entanto, que este encontro ainda demore algum tempo.

Confesso que devido ao meu gosto exacerbado pela vida fiz questão de perder o meu número de inscrição. Detesto jogos de azar.

Isaias Goldsmid

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